PARCERIA Artise e Coddede somam-se na promoção da inclusão de deficientes e cadeirantes
- Edmar Gomes
- 10 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022


Herbert Viana comanda os Paralamas em show para milhares de pessoas, no Complexo Cultural da Republica (FOTOS: ARRASTAGALERA)
Uma nova parceria acabou de ser fechada entre a Artise (Associação dos Artistas de Sobradinho e Entorno) e o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência –CODDEDE, nos dias 5 e 6 de dezembro.
As duas entidades agora vão trabalhar no sentido de reforçar políticas públicas que busquem a inclusão de mais pessoas com deficiência, aliando a cultura como um elemento agregador e motivador das lutas dos próprios artistas e das pessoas com deficiência, garantindo o cumprimento da legislação e os direitos do segmento.
A parceria começou exatamente nas comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3/12) e a realização da Feira de Implantação do Programa Empreendedor Cultural da Pessoa com Deficiência, nos dias 5 e 6/12.
A programação contou com grandes atrações, no Complexo Cultural da República, entre elas o show dos Paralamas do Sucesso, na noite de sexta-feira,6.
Oficinas de empreendedorismo, palestras sobre autoestima e motivação para deficientes,oficinas de criação de sites para empresas, além de apresentações musicais , danças e cursos diversos complementaram a programação.
CONSELHEIRO

O conselheiro Luis Mauricio e o presidente da Artise, Angelo Macarius
Nesta parceria, a Artise passou a contar com a consultoria do ex-policial militar e atual representante do Instituto Profissional das Pessoas com Deficiência -Icep, junto ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do DF-CODDEDE, Luís Maurício Alves dos Santos.
O conselheiro vai apontar à Artise as áreas que devem ser contempladas com novos projetos, que a entidade pode desenvolver aplicando as verbas públicas destinadas à inclusão, por parlamentares e Executivo.
“A expertise da Artise é a cultura, mas à medida que ela decidiu alavancar também a inclusão, vai perceber que a atuação da pessoa com deficiência pode ser muito vasta,” esclarece Luís Maurício.
O ex-policial foi professor de Taekwondo, participava de competições e dava aulas para soldados e cabos. Sua rotina era de um admirado atleta e professor, mas esta realidade mudou, de repente.
Há 21 anos, ele se locomove sobre uma cadeira de rodas e garante que os dois primeiros anos são o espaço de tempo crítico para toda a pessoa que adquiriu deficiência.
“Superado este período, no entanto, as coisas começam a ‘se normalizarem’, com a aceitação de sua condição’, explica.
Luís foi vítima de um acidente de trânsito, no dia 5 de setembro de 1998, numa via cuja velocidade máxima era de 60km.
Um automóvel em alta velocidade, dirigido por alguém alcoolizado, atingiu a traseira da moto que ele conduzia e o jogou numa cadeira de rodas, para sempre.
Luís diz que teve que superar todas as fases para aceitar sua nova condição e uma das piores foi vencer o preconceito dentro da própria corporação, que o via como incapaz até de fazer serviços administrativos.
Ele, no entanto, provou, de forma cabal, que o deficiente pode realizar inúmeras atividades, voltando a dar aulas e participando, em 2007, devidamente fardado, da Força Nacional que fez a segurança dos jogos Parapan, no Rio de Janeiro, durante 38 dias.
Ele também voltou a ministrar aulas, por oito anos, mesmo em cima da cadeira, mas contando com a ajuda dos alunos, que o apoiaram e o acolheram.
Após isso, ele se envolveu na política de defesa dos deficientes e, hoje, representa o Instituto Profissional das Pessoas com Deficiência - Icep, junto ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do DF- CODDEDE.
ACESSIBILIDADE EM BRASÍLIA
Luís afirma que suas lutas principais são exatamente o combate ao preconceito contra os deficientes e fazer cumprir a legislação que os protegem.
Ele observa que a legislação brasileira sobre acessibilidade é uma das mais avançadas do mundo, mas o poder público falha na fiscalização.
Citando números do IBGE, de 2010, o ex-policial afirma que o Brasil conta com 45 milhões de deficientes. Enquanto em Brasília, a Codeplan apontou, em 2013, 650 mil.
“São números expressivos que, por si só, já apontam a gravidade do problema,” adverte.
O conselheiro afirma que Brasília é uma cidade fácil de se implantar a acessibilidade arquitetônica, porque é plana, “mas faltam políticas públicas que possam assegurar os direitos dos deficientes.
Luís gostaria que a capital da República contasse com um sistema de transporte eficiente, que evitasse o excesso de carros carregando apenas uma pessoa e engarrafando o trânsito e também com mais rampas, sinais sonoros e, sobretudo, fiscalização eficiente”.
“As plataformas dos ônibus, obrigatórias desde 2014, às vezes, quebram ou ficam imundas, por diversas semanas, sem que ninguém se importe. Embora a legislação proíba a circulação nessas condições, a fiscalização faz de conta que não vê”, denuncia.
(José Edmar Gomes/FS)
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