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Célia Rabelo e Anna iluminam noite de bossa na Praça das Artes

  • José Edmar Gomes/FS
  • 20 de jun. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 21 de out. de 2022


Um show cheio de bossa. Mais do que bossa: MPB. Muita MPB e o brilho das divas que encantam os palcos brasilienses: Anna Doni e Célia Rabelo, com o acompanhamento luxuoso do violonista internacional, Félix Junior, e do experiente baterista Manga.

Célia e Anna construíram uma bela história na cena musical de Brasília e contaram e cantaram um pouco de tudo isso, no show Noite da Bossa Nova 2019, que impactou os presentes à Praça das Artes de Sobradinho.

A festa foi na noite de 18 de maio, em mais um evento do Projeto Arte na Praça, cuja reação da plateia me faz supor que a música (ou arte dos músicos) fez muito bem à alma das pessoas presentes ali.

Primeiramente, Anna Doni construiu um painel da sonoridade brasileira, a partir do “segundo hino nacional”, Aquarela do Brasil (Ari Barroso, 1939); passando por Arrastão (Vinicius de Moraes e Edu Lobo, 1965); O bêbedo e a equilibrista (João Bosco, 1978) e chegando a Sampa ( Caetano Veloso, 1978).

(Do samba-exaltação, Aquarela do Brasil, aliás, merece que se diga que, além da gravação original, registrada em 18 de agosto de 1939, por Francisco Alves, com arranjos e acompanhamento de Radamés Gnattali e sua Orquestra, foi gravada também por Carmem Miranda, em 1943; Frank Sinatra, em 1957, e por mais 298 outros artistas e orquestras, sendo uma das músicas mais gravadas no mundo).

Anna, além dessas canções ícones, cantou outras mais e fez a área da Praça virar uma festa verde-amarela, como sempre faz onde se apresenta.

Cigana – Célia Rabelo –a musa do centro do Planalto – canta como uma cachoeira debaixo do sol e distribui encantos como Yara emenda as águas dos rios que fertilizam as terras altas da Capital.

Com seu porte de cigana, ela enfeitiçou o público já na primeira música, Estrada do Sol (Tom Jobim/Dolores Duram, 1958), proclamou-se vencedora com Vitoriosa (Ivan Lins); foi além ao interpretar o samba de breque Conversa de botequim (Noel, Vadico e Osvaldo; 1935), em ritmo de jazz.

O show de CR prosseguiu com excesso de bossa e beleza. Ela invocou Luiz Melodia, Tom Jobim e outros poderosos luminares da canção brasileira, até que todos nós ficamos com saudades de tudo, principalmente do amor e da delicadeza...

... e ela atacou de Coisas do Brasil (Guilherme Arantes/Nelson Motta, 1986): Luzes da cidade acendendo o fogo das paixões/ Num bar à beira-mar/No verde-azul do Rio/Coisas do Brasil, coisas do amor.

Ainda bem que o Brasil tem destas coisas. Antes de encerrar o show, Célia convidou outra Diva, Rosemaria Alvez, para uma participação e ela reinterpretou justamente de Aquarela do Brasil.

Anna Doni encanta as crianças e suas famílias na Praça das Artes

Ao final do show, os artistas concederam declarações a este jornalista que são importantes para avaliarmos o panorama musical de Sobradinho e o momento pelo qual passa esta forma de arte no Distrito Federal.

Veja o que ela(e)s disseram:

Anna Doni

- Para uma cantora com sua experiência, vale apenas participar de um projeto como o Arte na Praça?

- Eu, particularmente, estou apaixonada por este Projeto e agradeço o maestro Alex Paz e sua equipe que está desenvolvendo-o, por que eu amo cantar e todo lugar para mim é especial.

-Por que?

- Porque é um privilégio fazer parte deste grupo maravilhoso. A música é um alento, uma terapia. Ela tem o poder de curar, de agregar família e recuperar valores. Aqui tem famílias, crianças e jovens, todos vieram prestigiar a festa e promovem um belo encontro.

- Como está a vida noturna em Sobradinho?

- Têm surgido barzinhos muito legais na cidade, que têm dado oportunidade aos artistas, inclusive a mim. Eu canto mais no Plano Piloto, mas, ultimamente, tenho cantado aqui, em casas como Matula, Granvia... e tenho sido muito bem recebida pelos proprietários e pelo público.

Como você vê a fiscalização. Há exageros?

- Tudo tem limite. Se eu morasse num apartamento e, embaixo, tivesse música muito alta, eu também não iria gostar. Tem que olhar os dois lados. Sou a favor de uma música sem gritos, que não agrida a vizinhança. Os músicos deveriam se unir e propor apresentações mais clean, mais CD”. Aí, daria bacana.

- Como foi o show de hoje?

-Hoje, eu fiz só sambas, músicas de compositores famosos e outras que marcaram as carreiras de certos intérpretes. Eu as canto todas com muito prazer.

Rosemaria (ao lado do produtor Edílson Studio) foi convidada especial do show

Célia Rabelo

E, então? É bom cantar na praça?

– Adoro cantar no quintal de casa. Aqui eu estou cantando, praticamente, na sala da minha casa, porque eu moro bem ali, e o público nos recebe maravilhosamente.

Nada atrapalha, nem o frio?

Eu canto aqui da mesma forma que canto num teatro. Hoje não senti nenhuma interferência do vento ou do frio. Até porque a cobertura que a Fael colocou sobre o palco nos protege muito bem.

A MPB continua a mesma ou mudou muito?

Olha mudou muito, mas no rádio lá de casa é a minha MPB de sempre. Mudou porque tudo virou MPB. Acho que deveria mudar para MPBB (Música Popular Brasileira Boa) porque tudo virou MPB e está difícil de se fazer um diferencial. Mas todo mundo está correndo atrás do sucesso e o que agente não gosta ‘é imoral, ilegal ou engorda’.

- Quem poderia colocar o trem da MPB nos trilhos e corrigir essas distorções?

- Acho que só o estudo mesmo. A obra de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, dois grandes poetas, está aí e pode nos ensinar. Então há esperança, apesar de tudo.

As músicas que você cantou hoje são as suas preferidas?

No repertório do show de hoje estão as minhas preferidas e, talvez, do público, também. Eu trouxe coisas da bossa nova, do samba; aproveitei o gancho e incluí Ivan Lins e Luiz Melodia, porque ninguém é de ferro...

E como vai o seu repertório autoral?

No meu CD (Tudo bem,lançado em 2005) há músicas autorais de compositores como Bananinha, Daniel Jura, da Gláucia Carvalho e do sambista Carlos Elias. Mas não as canto há muito tempo. Há novidades a caminho, mas vou guardá-las para a hora certa.

O baterista Manga e o violonista Félix Junior(ladeando Célia Rabelo) fizeram o acompanhamento “gourmet” do espetáculo

Félix Junior

- Como você vê o panorama da Cultura no DF, hoje?

– Agente tá passando por um momento complexo e, pela questão da força política na cultura, os artistas estão sofrendo certas consequências. Mas o importante é que haja união para que possamos manter viva a cultura da cidade, que é muito forte.

Qual é o padrão do produto cultural de Brasília?

A música de Brasília e os seus músicos são muito conhecidos lá fora, inclusive no exterior. O momento é delicado porque estamos lutando muito e não vemos respaldo. Infelizmente, a educação e a cultura são setores que mais sofrem em épocas de crise, talvez por isso é que ainda estejamos no terceiro mundo.

- E você tem trabalhado muito ou pouco?

- Estou gravando um CD instrumental que deve ficar pronto até setembro e venho trabalhando com as cantoras Célia Rabelo, Di Ribeiro e com a Rosana Brown, que está despontando agora. No próximo dia 15, tenho show no clube do choro.

- Como foi o show?

-Hoje foi um dia especial, que reuniu duas importantes cantoras da cidade, as quais eu e Manga costumamos acompanhar. As divas brilharam no palco e eu e o Manga ficamos na “cozinha”.

Manga

- Como foi tocar aqui na praça?

- Eu já me apresentei em vários países e, para mim, cada show é melhor do que o outro. Hoje, por exemplo, foi excelente, um show ao ar livre e de graça. A maioria das pessoas não tem como ir a um show no Plano Piloto, porque têm que pagar condução e ingresso caro. Daí, a importância do Projeto Arte na Praça, que proporciona encontros como estes.

O público acompanhou o show das barracas e elogiou a qualidade musical do evento


 
 
 

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