Cida Avelar faz show irrepreensível em Sobradinho
- José Edmar Gomes/FS
- 20 de jun. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

Cida Avelar valoriza o palco da Praça das Artes com um show de alta qualidade
Uma noite espetacular: marcada pela simpatia, competência, versatilidade e poder vocal da cantora Cida Avelar. Isso sem falar no violão de Victor Avelar e na bateria de Riva, que envolviam cada número com uma sonoridade especial, leveza e modernidade: canções escolhidas a dedo para uma noite musicalmente perfeita.
Cida chegou chegando e, já no “boa noite”, impactou a plateia com sua energia e passou a oferecer uma lista de sucessos vindos lá dos anos 70/80, como Chão de Giz (Zé Ramalho), Como eu quero (Paula Toller, 1984); foi mais adiante com Anel de Bamba (Edson Conceição/Aloisio Silva, 1975) passou por Lulu Santos e chegou ao sofisticado samba de Bosco/Blanc, O bêbado e a equilibrista, gravado por João, em 1979.
Nesse meio tempo, a cantora Luciana Dias foi reconhecida na plateia e, convidada a subir ao palco, cantou maravilhosamente Lindo Lago do Amor (Gonzaguinha, 1984).
Em seguida, foi a vez de Amélia Pinheiro homenagear a amiga Cida, interpretando, com alta potência vocal e pulmonar, a sempre instigante canção de Belchior, Como Nossos pais, gravada por ele, em 1976.
Cida voltou, cheia de gás e, numa homenagem à mulherada, presente em grande número à praça, atacou de O Amor e o poder, versão de Cláudio Rabello de The Power of Love para Rosanah, 1988)

A cantora Luciana Dias (a Tia Lu) reaparece e canta no show de Cida
Rosemaria - E o show prosseguiu, cada vez, mais quente, com a artista mostrando a força da mulher. Desta vez, com o frevo/forró Frevo mulher (Zé Ramalho, 1980), no embalo do qual, ela convidou mais uma diva da nossa música: Rosemaria Alvez, que, em noite abençoada, atacou de Espumas ao vento (José Accioly Neto/Cavalcanti, 1997) e outros deliciosos xotes.
Mas, a noite supermusical não parou por aí, ainda rolou boleros, o soul de Sandra de Sá, algumas pérolas de Djavan e Marisa Monte e a Sonífera ilha, dos Titãs, com direito a coro da plateia e muito aplauso.
Na sequência, mostrando uma versatilidade impressionante, Cida atacou de Vai sacudir, vai abalar (Paulo Jorge Batista De Jesus/Pierre Onasis Ramos, 1996) e Baianidade Nagô, (Evandro Rodrigues, 1992), certamente pensando naqueles e naquelas que guardam belas recordações de antigos carnavais baianos. O público agradeceu, cantou e aplaudiu. Axé.

Rosemaria Alvez também participa da noite especial das vozes femininas
Ciumeira - Cantores da noite como Cida Avelar sabem tudo e um pouco mais. Sabem, inclusive, que devem agradar a todos. E foi por isso, certamente, que ela Interpretou o atual sucesso sertanejo, de Marília Mendonça. Afinal de contas, sucesso é sucesso.
Mas, imediatamente, ela passou para o clássico Deixa a vida me levar (Erivaldo Severino Da Silva / Serginho Meriti / Sergio Roberto Serafim), que consagrou Zeca Pagodinho em 2002, que novamente mexeu muito com a plateia.
Para colocar tudo no seu devido lugar, Cida fechou o show com Andança (Danilo Caymmi/Edmundo Souto/Paulinho Tapajós, 1968); numa justíssima homenagem à rainha do samba, eterna Beth Carvalho, recentemente encantada.

Amélia Pinheiro solta a voz e o público aplaude sua performance: noite das mulheres
Estrada - Além de cantar muito, Cida tem opiniões firmes e claras sobre tudo. Num certo momento, ela interrompeu o show e fez e um pequeno discurso, pedindo a permanência do Projeto Arte na Praça, “para manter pulsando o coração da Cidade”.
Após o show, ela atendeu a reportagem e disse que a “noite foi um momento mágico”. “Esta apresentação foi muita prazerosa e me deixou muito feliz, porque estou no meio de muito amigos queridos. Tudo foi 10”, observou.
Ela explicou que a qualidade musica que alcança vem de uma longa estrada que percorre há 35 anos, 25 dos quais ao lado do baterista Riva e 15 com o violonista Victor Avelar, que é seu filho.
- Nós temos uma forte química. No palco, basta um olhar pro outro que já sabemos o que queremos. Agente sente o público, se envolve, recebe sua energia e as coisas ficam assim, maravilhosas.
A cantora voltou a dizer que o Projeto Arte na Praça deve ser algo permanente, uma opção que a cidade pudesse contar sempre, na Praça das Artes, assim como está. De graça e aberto para todos.

Público deleita-se com as belas vozes femininas: só música boa
Parceria - Cida se queixou, no entanto, do panorama das apresentações ao vivo nas casas noturnas. Para ela, a situação não é satisfatória.”De 0 a 10, eu dou cinco para o cenário atual. E não é pelo horário não, nem pela fiscalização, mas pela desunião e certos estrelismos que há dentro da classe”, advertiu.
Para ela, o caminho é a união e a parceria com as casas noturnas, pois os donos de bares sabem que a música faz grande diferença em seus estabelecimentos.
”Enquanto eles vendem mais comida e mais bebidas, os músicos precisam receber seus cachês integrais, por que somos nós e nossa música que aumentam o movimento e, consequentemente, o faturamento. Precisamos ajustar esta parceria para ficar bom para os dois lados”, encerra a cantora.
Comments