Noite de Serestas e Boleros traz nostalgia dos velhos tempos à Praça das Artes
- José Edmar Gomes/FS
- 28 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

Os artistas ocupam o palco de maneira bem informal e interagem com o público
Uma noite perfeita para os amantes de belas melodias e boas letras. Um show diferenciado, bem produzido, cuja qualidade e diversidade musicais superaram todas as expectativas.
Assim foi a noite de 13 de abril, na Praça das Artes, quando a cantora Rosemaria e os cantores Carlos Ramos, Beto Gonzales e sua acordeona uniram-se aos músicos Simão Santos (Violão), Zambinha (contrabaixo) e Yago (bateria) para apresentar um painel do que melhor se ouviu, a partir dos anos 40 até os dias de hoje.
O palco recebeu iluminação especial e mesas e cadeiras ao lado dos artistas e uma pista de dança em frente. Assim, o público podia brindar com os artistas, beber e dançar, numa rara integração entre músicos e plateia.
O show começou já começou com um convite explícito ao romantismo, quando Rosemaria entoou os versos de Besame mucho, bolero composto pela mexicana Consuelo Velásquez, em 1940, quando ela (Consuelo) tinha apenas 16 anos. A canção, hoje, ainda é a mais cantada no idioma espanhol.

O seresteiro Carlos Ramos interpreta pérolas da “velha guarda”
Perfídia - Em seguida Beto Gonzales mudou um pouco o clima e atacou de Cuitelinho, um tema épico-rural de domínio público do Mato Grosso e emendou com um xote autoral, mas Rosemaria voltou ao estado de romantismo puro e interpretou divinamente Perfídia, mais um bolero mexicano criado em 1939, por Alberto Dominguez, que permanece na boca do povo até hoje.
Rose prosseguiu com a balada mais do que romântica Borbulhas de amor, criada pelo dominicano Juan Luis Guerra, nos anos 80,e regravada por Fagner em 1991, numa provocante versão de Ferreira Gullar(embora tenha quem diga que seja do Wando).
Foi nesse clima, que Carlos Ramos – o maior seresteiro vivo destas terras – assumiu o microfone para cantar o samba-canção A Noite do meu bem, criação da inesquecível Dolores Duran, gravada a apenas um mês antes de sua morte, em 1959, e considerada pela revista Rolling Stone, como uma das cem melhores músicas do Brasil, de todos os tempos.

O público aplaudia das arquibancadas....

... e bebericava e dançava próximo ao palco
Clássicos - Carlinhos prosseguiu com Quem é?, bolero composto e gravado pelo cantor brasileiro nascido em Petrópolis-RJ, Silvio Lima - o Silvinho - em 1961 que, em seguida, foi regravado pelo espanhol Gregorio Barrios e pelo cubano Bienvenido Granda.
O show prosseguiu com belas interpretações de ícones do cancioneiro mundial e brasileiro, destacando mais um tema instrumental de Beto Gonzales e sua interpretação para Raindrops Keep Fallin' on My Head, balada composta por Hal David e Burt Bacharach e gravada por B. J Thomas, em 1969, para o filme Butch Cassidy e Sundance Kid.
Em seguida, Rosemaria interpretou Risque (Ary Barroso, 1952) e A volta do boêmio (Adelino Moreira, 1956) e Carlinhos Ramos atacou de Negue (Adelino Moreira, 1960) e Maria Bethânia (Capiba, 1943).
Assim, com um clássico atrás do outro, o show terminou deixando uma forte marca de profissionalismo e nostalgia.
Nélson Gonçalves - A presença maciça do público e o entusiasmo com que os artistas foram aplaudidos mostraram que a identificação de Sobradinho com a seresta e a boa música não acabou. O que acabaram foram os espaços para acolher eventos desta natureza.
A cantora Rosemaria Alvez, que atualmente é a gerente de Cultura da Cidade, sabe bem disso. Ela cantou ao lado do maior seresteiro do Brasil, Nélson Gonçalves, e sabe o quão importante é este repertório para a alma apaixonada e alegre do brasileiro e o quanto isso contribuiu para a formação da nossa identidade cultural.
Ela conheceu este tipo de repertório no início da carreira, quando cantava no Som da Noite, grupo que lotava os clubes da cidade, nos anos 80/90. Época em que os clubes eram as melhores opções da noite. O Som da Noite era comandado pelo Hélio Maninho.

Rosemaria canta clássicos da seresta e fala de Nélson Gonçalves; enquanto Beto Gonzales executa temas próprios na acordeona
Privilégio - Rose disse que foi muito gratificante cantar, como antigamente, ao lado dos parceiros Carlinhos Ramos e Beto Gonzales, além do “privilégio” de contar com seu filho Yago, tocando bateria.
“É um presente contar com ele num show neste mês de maio, mês das mães, pois ele tem compromissos com gravações e outros grupos”, explica.
A cantora afirma que, atualmente, atravessa um belo momento na sua carreira, com o Damas de Ouro, grupo formado em 2004, por mulheres que cantam e tocam chorinhos e sambas de raiz, e também com o Rosemaria e Banda, que interpreta todos os estilos musicais brasileiros. “A música brasileira é meu cantar, é minha voz. “Vou do bolero ao rocknroll”, finaliza.
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