PROJETO ARTE NA PRAÇA Samba tem noite memorável na Praça das Artes de Sobradinho
- José Edmar Gomes/FS
- 27 de mar. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

Renato dos Anjos (de camiseta branca) no palco da Praça das Artes
O samba reinou absoluto na Praça das Artes, na noite de 16 de março, data em que o sambista carioca, radicado em Sobradinho, Renato dos Anjos, o grupo Barracão do Samba e o convidado Luciano Ibiapina fizeram uma festa memorável, que recebeu aplausos e elogios de uma respeitável plateia.
Renato é de Vila Isabel e está ligado ao samba, desde criancinha. Veio para Sobradinho em 2011, para desenvolver um projeto de percussão, patrocinado pela Petrobras, na Escola de Samba Bola Preta.
Durante sua participação, a escola serrana manteve-se na elite e os sambas de sua autoria deram vida aos enredos de 2012 e 2014, último ano em que as escolas do DF desfilaram.
Hoje, Renato dos Anjos é um colaborador da Bola, participa de outros projetos sociais e tem uma brilhante carreira solo no DF.
Elegância - Sua performance, no palco do Projeto Arte na Praça, no sábado 16 de março, recebeu elogios generalizados e atraiu uma multidão de apreciadores do ritmo, das mais diferentes idades.

Renato e o Barracão do Samba recebem o convidado Luciano Ibiapina
Com o seu inseparável cavaco e apoio de violão e bateria, Renato mostrou que o samba, além de raiz, deve ter técnica, elegância e simpatia. Foi assim que ele mostrou um repertório rico em clássicos e sucessos que empolgou a plateia.
Esta intimidade com o samba, no entanto, não é à-toa. Ele começou na Herdeiros da Vila, escola mirim do bairro de Noel , sob a batuta do Mestre Trambique. Em 1977, passou para a bateria principal.
Defendeu, cantando, sambas de importantes compositores, no palco da azul e branco, e sua bateria, no Sambródomo. Depois, mudou-se para Sobradinho.
Depois de passar quatro anos dedicados ao samba de Brasília, ele voltou à Vila em 2015 e foi se reaproximando, aos poucos, da escola do seu coração. Este ano, voltou definitivamente e deparou-se com um carnaval grandioso, marcado pelo luxo dos carros e fantasias.
“Eu participei do protótipo - apresentação das fantasias ao público - em Vila Isabel, e vi que a escola estava rica, não faltou dinheiro. Vi os carros na Cidade do Samba e notei que o nosso barracão estava muito à frente das demais escolas”, observa o sambista.


A plateia teve participação importante nas noite de samba
“Mas o samba na avenida não vive só de alegorias e fantasias”, observa. Segundo Renato, a Vila foi impecável no começo do desfile; mas acabou estourando o tempo, devido à grandiosidade das alegorias, a bateria perdeu dois décimos no samba-enredo e a harmonia foi prejudicada porque a escola teve que correr no final.
O sambista reconhece, no entanto, que a Mangueira veio grandiosa, com um enredo forte, merecendo o título. “Assim como a Viradouro”, aponta.
Arte na Praça - Renato confessou que se sentiu orgulhoso com o calor do público no seu show em Sobradinho e disse que o ambiente na Praça das Artes é seguro e familiar. “Minha esposa e meus filhos se sentiram à vontade”.
Para ele, a população prestigiou mais um evento do Arte na Praça, projeto que já se tornou uma opção de lazer para Sobradinho, nas tardes e noites dos sábados, e permite a ele e a outros artistas mostrar sua arte à comunidade.
Renato dos Anjos lamenta, no entanto, que o samba em Brasília seja dependente do governo e que as escolas não desfilem, desde 2014.
Ele, porém, vê com bons olhos o trabalho da Acadêmicos da Asa Norte, da Aruc e da Bola Preta, que vêm mantendo a tradição das feijoadas para manter o samba vivo em seus barracões.
Apesar de tudo, o sambista diz que faz sua parte pelo samba de Brasília participando de alguns movimentos culturais, como o Samba Comunitário da Ceilândia, do Café com Samba da Torre e do bloco Fio Desencapado, que este ano desfilou na Aruc, no domingo, 17 de março, juntamente com a bateria Furiosa. A Bateria Furiosa ensaia todo domingo no Estacionamento 10 do Parque da Cidade, sob seu comando.

Barracão do Samba: samba da melhor qualidade na Praça das Artes
JACSON DA SILVA - Outro sambista que participou da noite de samba na Praça das Artes foi Jacson Silva, comandando o grupo Barracão do Samba, que veio reapresentar o show interrompido pela tromba d’água, da noite do sábado de carnaval.
O Barracão é um grupo de Sobradinho, de formação recente, mas composto por sambistas experientes, que têm mostrado muita competência em suas apresentações.
Fundado em 11 de novembro de 2017, o Barracão conta com o próprio Jacson da Silva Lobato (tantans); Felipe Vitório Cavaco (cavaco); Claudinho (pandeiro); Andrezão (surdo). Gean (violão) e vocais de André Claudinho e Felipe Vitório.
O Barracão do Samba, de cara, agradou o público e o mercado com samba de raiz e partido alto. Em 2018, passou a animar o Circuito Bambas da Boa, patrocinado pela Ambev, que percorreu Taguatinga, Ceilândia, Cruzeiro, Planaltina, Riacho Fundo I, Samambaia, Asas Norte e Sul, Guará, Candangolândia e São Sebastião.
O trabalho do Barracão se expandiu e vieram apresentações em vários eventos do DF e, agora, o grupo chegou à Praça das Artes, onde apresentou um samba de responsa, que agradou a todos os presentes.
Após o show, Jacson declarou que a noite foi maravilhosa e o grupo primou pela bela harmonia, “fruto da experiência individual dos seus componentes”.
Para o líder do Barracão, apesar do samba realmente precisar de apoio, os músicos devem buscar espaço e correr atrás de patrocínio no comércio para que as atividades continuem.
O Arte na Praça, para o sambista, é um projeto de muito valor agregado, pois, além dos empregos que gera na área artística, contempla também as áreas de alimentação e artesanato, movimenta o comércio do entorno da praça e retoma o caminho da cultura comunitária, interrompido com a crise econômica que impediu as escolas de samba de desfilarem.
(José Edmar Gomes/FS)

























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