DAVID VIEIRA A música vai comigo aonde eu for
- Edmar Gomes
- 15 de fev. de 2019
- 3 min de leitura


David Vieira no palco do Arte na Praça e entre o baterista Felipe Fernandes e o baixista Gean Carlos
Um clima de nostalgia tomou conta da Praça das Artes, no sábado 09 de fevereiro, quando o cantor David Vieira começou seu show entoando canções de Raul Seixas e, aqui e acolá, ouvia-se: “Toca Raú”.
Os pedidos vinham da plateia, que entendeu o recado do músico, que tem no falecido roqueiro baiano, referência para sua carreira.
David teve o suporte de uma banda da pesada, composta por Gean Carlos, no baixo; Alan Fernandes, na guitarra; e Felipe Fernandes, na bateria. E ainda a força de Neide Barros, sua parceira nos tempos da Banda Sequência, que resgatou o axé dos anos 90.
Após 32 anos na estrada, David tem muito história pra contar e uma certeza: a música “vai com ele, aonde ele for”.
Além de Raul, ele cantou canções de Alceu Valença, Zé Ramalho, Pink Floyd, Almir Satler, Vander Lee... e disse que baseou o repertório nos pedidos que recebe nos já longos anos que toca na noite.

A cantora Neide Barros, parceira de velhos tempos, relembrou a Banda Sequência
Prazer - “A música, para mim, não é apenas um hobby, é algo que faz parte da minha vida que, agora, tenho certeza, não abandono mais”, afirma o cantor que, mesmo tendo se afastado dos palcos para estudar, voltou com mais convicção, ainda.
David revela que, apesar de ter buscado formação acadêmica e, hoje, ser professor de contabilidade, na Faculdade JK da Asa Norte, voltou a tocar profissionalmente em função do prazer que a música lhe proporciona.
Ele diz que, quando pega no violão, mesmo em casa, canta com a mesma emoção e prazer que se estivesse diante de uma grande plateia. Para ele, cada artista tem uma história singular que mexe com a vida dele.
“Quando canto Raul, me emociono demais porque ele, apesar de controvertido, é um grande ícone da MPB e deixou recados que estão aí até hoje, geração após geração. Alceu é outro e, assim, vai”, afirma.
Essência - O cantor confessa que sempre tenta captar o pensamento do compositor para transmiti-lo ao público, quando interpreta as canções. “Assim, agente consegue passar a essência daquele artista”, explica.
David lamenta que a mídia, atualmente, não dê mais espaço para novos talentos da MPB e aponta o também falecido mineiro Vander Lee, como uma das únicas novidades do gênero, nos últimos tempos.
“A nossa música tá pobre porque as gravadoras e empresários estão investindo em outro gênero. Eles compram um par botas, um chapéu caro, criam um estereótipo e, pronto: é mais um sertanejo em série no mercado...e a mídia dispara a tocar...”, observa.


O público aprecia o show nas barracas da praça da alimentação
Topetões - O cantor de Sobradinho diz que custeia sua produção e paga cada corda do seu violão, enquanto “os caras do sertanejo têm quem paga seu visual e até seus topetões”, brinca.
Ao referir-se ao Arte na Praça, o cantor afirma que o projeto deveria ser uma atividade permanente, pois mantém a arte da cidade em evidência e abre muitas portas para artistas, como ele, que estão longe da mídia.
O músico Gean Carlos lembrou que começou a tocar com David, no restaurante Panela de Barro, na Quadra Central, no final dos 80’.
“O show de hoje foi muito além do que eu esperava. Foi uma honra tocar com meu mestre”, declarou o requisitado baixista.
Já o baterista Felipe Fernandes, que é sobrinho de David e ligado às bandas de rock, afirmou que o importante é estar envolvido com a arte e é sempre prazeroso tocar em Sobradinho.
A cantora Neide Barros disse que sentia-se feliz ao voltar a cantar ao lado de David e de participar do Projeto Arte na Praça. “Esta noite resgatou boa parte da minha vida”, revelou. (José Edmar Gomes/FS)
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