Samba tem espaço no Arte na Praça
- Josê Edmar Gomes
- 9 de mai. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

Tauá Flamengo ( C ) : O Luz do Samba está de volta
O samba recebeu espaço generoso no Projeto Arte na Praça. Quatro dos principais grupos de Sobradinho, incluindo membros da Escola de Samba Bola Preta, se apresentaram no palco da Praça das Artes, na Quadra 8, sempre após a realização das feiras e oficinas temáticas, no início das noites de sábado.
O Luz do Samba, por exemplo, um dos grupos de samba/raiz que mais tempo vem sobrevivendo nos quintais do DF, se apresentou na noite do sábado, 10 de março, sob o comando de Tauá Flamengo e renovação total dos demais elementos, mas com a mesma ginga de sempre.
O Luz foi criado em Sobradinho em 1988 e, nestas três décadas de caminhada, gravou três álbuns. No mesmo ano de sua criação, o grupo venceu o II Festival de Pagode de Brasília, promovido pela Aruc, com o samba Tem que ter fé, composto por Jorginho Alexandre, que foi regravado por muita gente boa, inclusive por Reynaldo, o príncipe do pagode.
Ao longo dos anos 90, o Luz foi o grupo-base da temporada de shows, nos bons tempos da Aruc, e acompanhou gente do naipe de Jovelina Pérola Negra, Beth Carvalho, João Nogueira, Paulinho da Viola, entre outros.
O primeiro trabalho gravado do Luz foi o LP Nação Brasileira, de 1991, produzido pelo próprio grupo, que alcançou a hoje extraordinária vendagem de cinco mil cópias.
Dois anos depois veio o segundo LP, Sem bandeira, que alcançou o mesmo sucesso do primeiro. Já o CD Horizontes, de 1998, coincidiu com as mudanças no mercado fonográfico e a chegada da internet, realidade à qual o grupo não se adaptou inteiramente.
Mas, agora, o Luz do Samba, volta renovado e quer retomar sua estrada de sucesso, sob o comando de Tauá e José Luiz e tem se apresentado nas casas noturnas de Sobradinho e em outras praças.
No show da Praça das Artes, o grupo interpretou Músicas do repertório de Zeca Pagodinho, Beth Carvalho. Fundo de Quintal e Paulinho da Viola, além de composições próprias, como Partido Alto, Nação Brasileira e Tem que fé, de autoria de Jorge Alexandre, Tauá Flamengo e André Luiz.
Tauá, que lidera a banda, junto com André Luiz, diz que o Luz do Samba está sendo revitalizado, pois o samba está na sua veia e na veia dos seus componentes. Para ele, o panorama do samba em Sobradinho está evoluindo, “mas precisa de mais união da galera”.
NENEL VIDA

Nenel Vida transforma a Praça das Artes numa verdadeira roda de samba
Outro sambista que se apresentou com grande galhardia no Arte na Praça foi o sobradinhense Nenel Vida, que fez o show principal da 26ª edição do projeto, no sábado 17 de fevereiro.
Nenel e seu inconfundível cavaquinho garantiram a participação do público, interpretando grandes sambas de compositores como Martinho da Vila, Dona Ivone Lara e até marchinhas de carnaval como A jardineira (Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938) e Cidade Maravilhosa, composta por André Filho em 1935.
No final do show, ele desceu do palco, interagiu com a plateia e transformou a Praça das Artes numa grande roda de samba.
O samba faz parte da vida de Nenel desde que ele tinha sete anos e já tocava pandeiro e atabaque nas rodas de Angola, das quais sua mãe era yaô. Ainda adolescente já participava dos encontros de sambistas em Sobradinho, acompanhando-os no pandeiro e cantando. Aos vinte anos, adquiriu seu primeiro cavaquinho e se afeiçoou ao instrumento que, hoje, domina com perfeição. Em 1990, formou seu primeiro grupo de samba (Iraê) em Sobradinho, que levava muita gente aos bares onde tocava. Oito anos depois, seu grupo passou a chamar-se Cadência Dez, que reunia cerca mil pessoas, aos domingos, no salão do clube Bancrevea.
Após o isso, o sambista passou a integrar as bandas Sambrasília (cavaco e vocal), que gravou músicas de sua autoria; Samba & Cia (vocalista e cavaco); Grupo Metier (cavaco e voz); Nobre Samba (voz e cavaco) e Luz do Samba (cavaco e voz). Nenel teve um samba de sua autoria (Entre a Luz e a Escuridão) classificada em 3º lugar no Festival de Samba de Brasília, organizado pela Cultura FM e o QG do Samba. Em 2014, criou o Clube do Samba DE Sobradinho, passou a participar da Roda de Samba Sagaz e voltou aos palcos, depois de uma ausência de seis anos. Outra boa jogada de Nenel Vida foi sua participação no Exposamba/2016, em São Paulo, com música autoral: OZé (Nenel Vida/Erick Matta), que ficou entre as 20 finalistas, num total de 900 sambas inscritos. Há dois anos, Vida e Fabinho Samba iniciaram o projeto #SEXTOU - Medidas Provisórias com Nenel Vida e Fabinho Samba. Projeto semanal, voltado ao samba tradicional e movimentos culturais.
BOLA PRETA E RODRIGUINHO

Rodrigo Sampaio mudou -se para o Rio após se apresentar na Praça das Artes
Ritmistas da bateria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Bola Preta de Sobradinho e o sambista Rodrigo Sampaio – o Rodriguinho – foram as atrações da 25ª edição do Projeto Arte na Praça, na noite do sábado, 10 de fevereiro, quando um grande público acorreu à Praça das Artes, na Quadra 8, para prestigiar os músicos e ouvir o legítimo samba serrano.
A Bola Preta de Sobradinho fundada em abril de 1974 por um grupo de militares transferidos do Rio de Janeiro para Brasília e, a partir de 1988, faz parte do grupo especial do carnaval do DF, ano em que foi campeã pela única vez.
A escola foi vice-campeã por três vezes e, desde 2000, tem se mantido do quinto lugar para cima. No último desfile, em 2014, conquistou o 3º lugar.
Em 2015, o enredo homenagearia Planaltina, abordando os mistérios do Vale do Amanhecer, a pedra fundamental, a festa do Divino e a Via Sacra.
Mas o governo cancelou o desfile e a escola teve um prejuízo de R$ 250 mil, conforme informou sua diretoria, na época.
Já o sambista Rodriguinho é um jovem talento de Sobradinho que despontou no DF e já se transferiu para o Rio de Janeiro, onde foi aperfeiçoar sua arte com os bambas da Cidade Maravilhosa.
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