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BRAZILIAN BLUES BAND Mais que show, um privilégio para todos

  • Josê Edmar Gomes (texto e fotos)
  • 23 de mar. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 21 de out. de 2022


Luiz Kaffa à frente da Brazilian Blues Band : 24 anos nas estradas do mundo

Uma das bandas mais tradicionais de Brasília, respeitada em todo o País e com incursões na França, Alemanha e Portugal, foi a atração principal da 30ª edição do Projeto Arte na Praça, realizada no sábado, 17 de março, na Praça das Artes, na área central de Sobradinho.

Depois de um dia um chuvoso, a noite se abriu generosamente e um público alegre e sereno se reuniu em frente ao palco para apreciar o show que foi aberto pelos artistas sobradinhenses, Amélia Pinheiro e Rigo Nunes, interpretando números de MPB; e Angelo Macarius, que tocou um número de sua lavra em parceira com Geri Nogueira, "A feira da torre"; o que proporcionou uma festa com trilha sonora diversificada e interessante.

Em seguida, vieram os belíssimos blues cantados em português pela Brazilian Blues Band, uma preciosidade musical brasiliense, capitaneada pelo jornalista, cantor e compositor Luiz Kaffa.

A banda universal do DF, que tem base territorial no Guará e 24 anos de estrada, hoje conta apenas com o letrista e cantor, Luiz Kaffa, da formação original, mas Marçal Leones (teclados), Leonardo Vilela (guitarra), Diego Morosino (contrabaixo) e I. Navarro (bateria) se encarregaram de personificar a corrente “blusística” proposta na poesia de Kaffa.

A Brazilian Blues fez seu primeiro show, na Casa de Cultura do Guará, no aniversário da Cidade, em maio de 1994 e, daí pra frente, iniciou uma escalada profissional, dirigida pela produtora Jussara Duré, que apostou nos trabalhos autorais de Luiz Kaffa, até chegar, em 1998, à terceira colocação no festival Skol Rock – Etapa Centro-Oeste, com a música Cachaça, Fumaça e Rock n' Roll – um de seus maiores sucesso.

Rapadura com Bourbon

Um encontro da banda com o guitarrista alemão Joerg Schmidtke, no Clube do Blues de Brasília, abriu caminho para apresentação da Brazilian Blues em oito cidades da Alemanha, em 2003, e a possibilidade de gravação do primeiro CD – Rapadura com Bourbon – a partir de letras de Luiz Kaffa e arranjos do então baixista Célio de Moraes e do guitarrista Leonardo Vilela.

O CD, lançado na sala Martins Penna, do hoje esquecido Teatro Nacional, recebeu crítica favorável da revista Blues n' Jazz, única do gênero no Brasil, na época, e lançamento no Bourbon Street, maior casa de shows de blues e jazz da América Latina, no bairro Moema, em São Paulo.

Junior Bolero (sentado) é autor da música Paradoxo que estava no repertorio do show.

O Rapadura...alavancou de vez a Brazilian e a levou aos mais importantes festivais de blues e jazz do País, como o Bossa n' Jazz, de Pipa – RN; Vijazz, de Viçosa – MG; Guaramiranga – CE; Festival de Inverno de Pedro II – PI; e no maior festival de blues e Jazz da América latina: o Blues e Jazz de Rio das Ostras- RJ; além de apresentações fora do circuito de festivais em todo o Brasil.

A partir daí, a Brazilian Blues ganhou o mundo, voltou à Alemanha, foi à França duas vezes e a Portugal.

Cheia de moral, a banda passou a tocar nas capitais do Brasil, sendo reconhecida como um dos pilares do blues nacional. O que não é pouca coisa, considerando-se o desprezo da nossa mídia pelo bom gosto musical.

O guitarrista Leonardo Vilela é responsável por importantes momentos da Banda

A Blues também acompanhou medalhões já encantados, como Marcelo Nova, Jerry Adriani e era a banda de apoio do “mago da guitarra” Celso Blues Boy, no Centro-Oeste e no Nordeste. O “boss” Luiz Kaffa chegou a participar da abertura do show do rei B B King, em Brasília, em 22 de março de 2010, no Centro de Convenções.

Apesar de todo esse sucesso, um novo trabalho fonográfico só veio em 2012, praticamente uma década após o primeiro, mas mostrou um blues mais encorpado, com um discurso direcionado ao contexto social e político.

500 Gramas Blues

O CD 500 Gramas Blues tem na música do mesmo nome, vencedora do I Festival de Música do Guará, um retrato confessional da juventude de Brasília. Os versos são cortantes e comoventes. História que já aconteceu com muita gente: Era então 86, inverno seco na capital/ E assim como vocês, na flor da idade/ Era curtição total/ Sexo, drogas e rock’n’roll/ Só beber e se divertir/ Então veio uma proposta / Eram só 500 gramas/ Mas rolou minha mancada, dedo-duro, delação/ Era só barca furada...

O CD tem participação do inesquecível Celso Blues Boy, Nuno Mindelis, Flávio Guimarães e de outras feras, com arranjos da própria banda e Marçal Ponce.

Na sequência, a Blues participou das coletâneas paulistas A Máfia da Mortadela e Brazilian Blues Volume II e foi destaque da revista especializada Guitar Player Brasil, que circula desde 1967, a partir dos Estados Unidos, e dividiu o show dos 54 anos de Brasília, com a Nação Zumbi e os Paralamas.

O baú da Brazilian está cheio de novidades para novos lançamentos, mas, segundo Kaffa, as mudanças no mercado fonográfico e as especificidades do trabalho independente levam o grupo a refletir mais, antes de partir para novas “viagens”.

Celso Blues Boy

O show da Brazilian Blues Band, na Praça das Artes de Sobradinho, foi uma delícia do começo ao fim e o quarteto de músicos não economizou nos belos riffs e diálogos harmônicos do baixo, guitarra e teclados, seguidos pela bateria segura e precisa.

O show foi uma mostra dos 24 anos de estrada, mas teve música nova, como Paradoxo (A boca da noite/tem dentes de lua/ A barriga da perna/está sempre vazia...) do poeta Junior Bolero, presente ao show, além de homenagens ao guru Celso Blues: As coisas são assim. Pra que se lamentar. Se dentro de nós. Sempre existirá. Sempre existirá. Toda esperança. Sempre brilhará. (Sempre brilhará).

As homenagens ainda alcançaram o Blues Etílicos e o Ira, reverenciados por Luiz Kaffa por gravarem blues em português. No final, rolou a indefectível Cachaça, fumaça e rock’n’roll: A luz do fim do túnel não quer ser encontrada/ É minha natureza seguindo numa estrada/ Ás vezes, não me encontro, não sei onde estou.../ Só vejo em minha frente/ Cachaça, fumaça e rock n' roll.

O público que já estava bem aquecido, acompanhou o refrão com força: ‘Eu só vejo à minha frente Cachaça, fumaça e rock n' roll’. E pediu mais.

Leonardo Vilela, Marçal Leones , Luiz Kaffa e Diego Morosino ; alem de I. Navarro, que não está na foto; formam a atual composição da Brazilian Blues Band

Blues não é só melancolia

Após os memoráveis momentos no palco, o cantor, compositor e “estrategista” da Braziliam Blues Band, Luiz Kaffa falou ao Folha da Serra, sobre a essência do blues, a habilidade de cantá-lo em português e sobre o Projeto Arte na Praça.

Apesar da melancolia inerente ao blues, que tem raízes entre os escravos do sul dos EUA, que entoavam lamentos de trabalho para amenizar suas dores, Kaffa afirma que o ritmo não é somente tristeza, já que os próprios negros afro-americanos embalavam suas festas ao som do ritmo.

Segundo ele, cantar blues em português é uma opção natural, desde que haja preocupação com a qualidade das letras, com a harmonia e melodia.

Kaffa diz que segue os passos de Celso Blues Boy, pioneiro na experiência, que deu muito certo. “No português, o alcance poético é enorme, devido à amplitude filosófica da língua, que casa perfeitamente com o blues”, explica.

Ao relacionar o ritmo do folk americano com a música tradicional do Brasil, Luiz Kaffa lembra que os ritmos nordestinos são os que mais se aproximam do blues.

“O baião e o forró são ritmos de negros trabalhadores que personificam os sentimentos de alegria e tristeza dos nordestinos”, esclarece.

O cantor e compositor se referiu também ao Projeto Arte na Praça, que ele considera “importantíssimo, porque descentraliza as ações artísticas em Brasília”.

“Os projetos importantes não devem ficar apenas no Plano Piloto, mas devem ir às cidades do DF, para alcançar a população e os artistas locais, que devem ser devidamente pagos, como está ocorrendo no Arte na Praça”, pontua o líder da Brazilian Blues Band. (José Edmar Gomes – RP 3384/DF)


 
 
 

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