Grupo musical CANÁRIOS causa grande impacto na Praça das Artes
- Josê Edmar Gomes (texto e fotos)
- 26 de jan. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

O grupo musical Canários causou grande impacto na Praça das Artes com seu som e repertório diferenciados
Tudo foi diferente, no sábado, 13 de janeiro, data da realização da 21ª edição do Projeto Arte na Praça, evento artístico-educativo que vem sendo realizado desde agosto de 2017 e vai prosseguir até o final de 2018, na Praça das Artes Teodoro Freire, da Quadra 8 de Sobradinho.
Após a realização das oficinas temáticas, que vêm mantendo um bom número de alunos, mesmo no período das férias escolares, a Faculdade Fael coordenou um sorteio de mais de R$ 50 mil em prêmios, oferecidos pelos comerciantes da Quadra 8 aos clientes de final de ano. Muita gente levou para casa ótimos presentes.
Mas quem era toda aquela gente diferente que estava tomando conta da praça? Era o público que viera prestigiar o show da banda ou grupo musical Canários, a atração principal da tarde/noite, uma novidade no universo musical do DF, formado por 11 músicos, que tem nos vocais, na sonoridade dos arranjos e nos instrumentos diversificados, sua marca registrada.
Quando o show começou, com quase meia hora de atraso, a diferença do padrão musical surpreendeu todo mundo e, certas pessoas que estavam de cara feia por conta do atraso, acabaram abrindo um enorme sorriso e aplaudindo efusivamente a performance da banda.
O impacto causado pelos Canários, já na primeira música, veio da harmonia das muitas vozes, com o som da sanfona; da viola clássica, da clarineta e dos instrumentos de percussão, além da base instrumental tradicional, aliada a um repertório de qualidade rara, buscando o folclore, músicas de raiz e de compositores regionais.

Os comerciantes da Quadra 8 sortearam R$ 50 mil em prêmios aos seus clientes
Elevação espiritual - Desta forma, o show prosseguiu mostrando coisas tão diferentes quanto toadas de boi; o coco do pernambucano Jacinto Silva, a poesia do amazonense Thiago de Mello e até Tim Maia. Tudo isso, com arranjos muitos específicos e vocais sedutores, que, de fato, causaram impacto no público.
O coordenador dos Canários, Cristiano Lourenço, explica que a banda não tem líder, nem porta-voz, mas pessoas que exercem papeis.
Surpreendentemente, ele explica também que a banda foi formada, há apenas seis meses, a partir de visões convergentes dele e dos percussionistas José Carlos, Leonel e André, músicos que já se conheciam, há muito tempo, e se propuseram a trabalhar um repertório que tivesse mensagens positivas e elevação espiritual.
A proposta, segundo Lourenço, é resgatar valores e tradições da cultura brasileira para dar oportunidade à juventude de conviver com músicas de qualidade e de propósitos menos fúteis do que o que a mídia veicula atualmente.
Para isso, segundo o acordeonista Dermeval de Sena Aires Junior, além do folclore, o grupo escolhe seu repertório baseado em nomes como o do tocantinense Juraildes da Cruz; do forrozeiro e tocador de coco pernambucano, Jacinto Silva e João Alexandre, autor da música Feirante.

A “dupla” Francisco e Antônio Resende Viana (abaixo) prestigiam o pai clarinetista, enquanto Rene Boechat (última à esquerda, acima) veio do Grande Colorado prestigiar a banda
Diamante - Aliás, a poesia em si é outra vertente da arte que os Canários mostram no seu show. Durante a apresentação da música Feirante, Dermeval de Sena declamou o o poema do amazonense Thiago de Melo, Para repartir com todos: ... Não vale desanimar,/nem preferir os atalhos/sedutores que nos perdem,/para chegar mais depressa./Vamos achar o diamante/para repartir com todos...
O canário José Carlos, por sua vez, afirma que a proposta é trazer música de raiz, o que não quer dizer música antiga, apenas. Mas algo que tenha qualidade e compromisso com certos valores, como é caso da canção Boa, composta por Marcos Lessa, há menos de um ano, e que fez parte do repertório do show.
A musicista, Manuela de Almeida, que toca viola clássica no grupo, explica que seu instrumento parece um violino, mas tem o som mais grave e se harmoniza perfeitamente com os demais instrumentos populares.
Para Manuela, a música regional tem instrumentos muito similares aos da música erudita, como é caso da rebeca que se assemelha ao próprio violino.

O ex - administrador do Plano Piloto Luiz Gomes e sua esposa Maria também prestigiam o show dos Canários
Música universal - “A rebeca toca numas escalas modais bem simples, semelhantes ao forró e ao xote nordestinos e pode ser considerada predecessora do violino”.
Ela diz que a música popular, tocada de ouvido, pode ser considerada uma música de qualidade, mas a música erudita traz uma diferença que é a possibilidade da leitura da partitura, que permite que entremos em contato com a música universal, que permanece no tempo, mesmo após muitos séculos.
“No Brasil, as pessoas preferem músicas que se toque de ouvido, mas é uma grande vantagem poder entrar em contato com músicas de outros países, que você nunca ouviu antes, através do documento escrito”, observa a musicista.
Manuela, no entanto, diz que é lamentável o panorama da música atual apresentada pela mídia, mas ela tem esperança em Deus e na juventude para que isso possa mudar para melhor. “Creio que é uma fase ruim que vai passar”.
Aquarela - O show dos Canários terminou sob muitos aplausos e com todo mundo dançando ao som da música Canário do reio, de Tim Maia. Mas o público pediu bis, e o grupo voltou ao palco e interpretou Eu pensei em correr de mim, de Juraildes da Cruz.
Resgatando valores, mostrando folclore e prestigiando bons compositores, o grupo agradou gente dos 7aos 70 anos. Na plateia, os irmãos Antônio Tocaoá Resende Viana, de sete anos, e seu irmão Francisco, quatro anos, acompanhavam com atenção o show, bem próximos a assistente social Rene Boechat, 70 anos, que veio do Grande Colorado para prestigiar o evento.
Os garotos, que são filhos do clarinetista Eduardo Garcês Viana, afirmaram à reportagem que pretendem ser músicos também. Antônio quer tocar gaita e Francisco quer tocar guitarra.
Rene Boechat, como se percebe, é parente do âncora da Band, Ricardo Boechat, e, mais tarde, foi vista na praça da alimentação degustando caldos e petiscos. Ela animou-se com a festa e aproximou-se do cantor da noite, João Dutra, e pediu a música de Toquinho e Vinicius, Aquarela.
René disse que o Arte na Praça é um projeto interessante para integração cultural da grande região de Sobradinho e que os artistas locais devem ser prestigiados ao máximo. Tá certo, dona Rene. (Texto e fotos: José Edmar Gomes)
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