BIENAL INTERNACIONAL TS Sobradinho se transforma num canteiro de arte urbana
- José Edmar Gomes
- 4 de jul. de 2017
- 6 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022

O artista plástico internacional, Toninho de Souza, está à frente de mais um grande projeto de arte urbana em Sobradinho
Toninho de Souza. Tinha que ser ele. Somente o internacional artista plástico de Sobradinho poderia tirar a Cidade do marasmo, depois que a arte sumiu de suas paradas e a Lei do Silêncio calou seus músicos.
Ele está na rua, com um bando de artistas abnegados tanto quanto ele, pintando o sete e as paradas novamente. As cores tom
É a 1ª Bienal Internacional de Arte Urbana de Toninho de Souza – 2017, que vem para resgatar o título de Cidade-Arte, que muita gente de Sobradinho já tinha até esquecido.
A nova empreitada - que é um trem repleto de cores - foi lançada dia 23 de junho, na Galeria Vincent Van Gogh, com 42 obras de artistas convidados da Colômbia, Peru, Argentina, Venezuela, Finlândia, do Brasil e 14 murais de 140 cm X 360 cm nas paradas de ônibus.
O maquinista desta nova composição artística, além da sua disposição para conceber projetos monumentais, tem mais um desafio. Ele e seus amigos estão expondo na rua obras de arte em suporte de papel no lugar da tradicional tela - ou da pintura diretamente no concreto das paradas - e assegura que esta mudança de paradigma é resultado da evolução natural das coisas e da incorporação de novas tecnologias.
“O mundo de 2017 é outro. A minha visão de artista evoluiu e a Bienal incorpora a arte digital. Algo que era impossível há poucos anos. Na Bienal, pode-se ver proposta de arte pós-contemporânea, resultado da incorporação de novas tecnologias”, explica o papa da arte urbana da capital, que pinta os painéis em lâminas de papel e os cola nas paredes das paradas.
Toninho - que já concebeu o Projeto Paradas, estrondoso sucesso de 1991 - afirma que o diferencial da Bienal são os artistas convidados, “que têm uma atuação muito específica nas artes visuais de hoje”.
Segundo ele, o Projeto Paradas tinha muito artista iniciante e a atual Bienal conta com mãos experientes, reconhecidas no contexto cultural.
Além do mais – prossegue de Souza – A arte é universal. Não importa se você mora em Londres ou Sobradinho, o importante é o valor do artista em si. A sua capacidade intelectual e o seu discernimento estético.
Do alto de uma trajetória artística internacional, que completa 48 anos, Toninho tem cacife suficiente para atrair nomes mundiais para transformar as paradas de ônibus de Sobradinho em painéis da mais instigante arte urbana. E isso sem tirar um tostão sequer dos cofres públicos.
“Este projeto não tem nenhum dinheiro do governo. Algumas empresas fornecem o material e os artistas participam voluntariamente,” explica.
O artista de Sobradinho afirma que o Projeto Paradas - que teve imensa acolhida da mídia nacional - transformou Sobradinho em Cidade-Arte e a fez conhecida internacionalmente, mas a Bienal pretende ir além. Quer mostrar ao Brasil e ao mundo que a Cidade Serrana do DF tem arte, muita arte. “E o valor dos seus artistas é mesmo de outro que mora na Finlândia ou Nova York.”
“Sobradinho não é cidade-dormitório. Aqui é cheio de talentos nas diversas áreas. E o melhor: é cheio de gente que pensa”, dispara o artista.
Para ele que trabalha ou aprecia as artes visuais tem sensibilidade e, no período entre o Projeto Paradas e a atual Bienal, a Cidade ficou triste, as paradas sujas. Mas, agora, ele garante que a alegria voltou às ruas com o colorido das peças artísticas e “a população está processando a ideia de forma maravilhosa”.
Quanto à conservação das peças, ele crê na apropriação da ideia pela comunidade que, assim, vai contribuir para conservá-las. Mas, caso haja destruição, é possível colar outra peça por cima, como se fosse um out-door. Segundo Toninho, a proteção física das peças é o próprio teto das paradas.
Ao justificar o porquê da escolha de Sobradinho para mais um projeto monumental de arte visual, Toninho de Souza afirma que a Cidade Serrana está perto do céu. “E, por estar perto do céu, está perto de Deus, que é quem rege o mundo”.
“É através de Deus que eu capto a energia cósmica de paz e amor. Sejamos todos irmãos e creiamos em Deus para que tenhamos paz”, profetiza Toninho de Souza.
Amém.
GILSON FILHO e TOM MELLO
Dois artistas nas paradas

Gilson Filho se utiliza da linguagem abstrata e seus quadros reproduzem imagens inspiradas na paisagem urbana em perspectiva
O carioca Gilson Filho mudou-se para o DF em 1976 e, como policial militar e depois civil, quem o via não imaginava que ele possuía dotes artísticos e, desde criança, desenhava nos cadernos escolares. O futuro pintor, no entanto, decidiu aprimorar sua técnica, nos anos 80, frequentando o curso de desenho de arquitetura no Senai.
Entre um trabalho e outro, ele visitava as galerias e exposições e, quando via certos quadros, imaginava que poderia fazer coisa igual ou melhor. Foi assim, até que em 1996, seus primeiros trabalhos foram expostos, no saguão do Palácio do Buriti, numa exposição promovida pela Polícia Civil.
Sua relação com arte, no entanto, ficou mais estreita quando mudou-se para Sobradinho, em 1997, e aqui entrou em contato com o trabalho de Toninho de Souza e toda a movimentação dos artistas em torno da Cidade-Arte.
A partir daí, ele absorveu as dicas de Toninho de Souza e fez duas individuais. A primeira, em 2000, no Sesc da 504 Sul, e a segunda na própria Galeria Van Gogh, em 2010.
Usando a linguagem abstrata, seus quadros reproduzem imagens inspiradas na paisagem urbana em perspectiva. Habilidade que desenvolveu a partir do seu trabalho com desenhos técnicos.
Na atual Bienal Internacional, ele participa com obras abstrato-geométricas que se adequam muito bem ao espaço das paradas de ônibus. Gilson Filho, há alguns anos, já tinha participado de projeto semelhante, promovido por Toninho de Souza, em Sobradinho II, o que lhe valeu o convite do curador para participar da Bienal.
O artista afirma que se sente feliz em participar da Bienal e está ciente de que as peças pintadas em papel podem ter vida efêmera, mas ele tem toda disposição para substituir o que for danificado, enquanto durar o projeto, que vai até 31 de dezembro.
Ele acredita, no entanto, que a população vai contribuir para preservar os trabalhos, “pois a arte contribui para acalmar as pessoas”. “O efeito estético que a arte causa pode aplacar a agressividade e despertar sentimentos mais nobres nas pessoas e reforçar seu espírito de cidadania”, afirma o pintor.
Gilson tem grande respeito pelo trabalho que Toninho de Souza desenvolve em Sobradinho e afirma que as artes visuais têm grande ênfase na Cidade, graças ao esforço do criador da melantucanarismo.

Tom Mello: Produtores de festas e eventos colam cartazes nas paradas sem o menor critério e prejudicam as obras de arte
Tom Mello – O pintor Tom Mello, que já expôs diversos trabalhos na Van Gogh e em outros espaços culturais do DF, é outro artista que está na linha de frente da 1ª Bienal Internacional de Arte Urbana de Toninho de Souza.
Tom entende que a opção pela pintura na plataforma papel e sua posterior colagem nas paradas, como se fosse out-door, é uma evolução de Sobradinho como Cidade-Arte, que ficará cheia de cores, e uma forma de comunhão entre os artistas.
O pintor vê a Bienal também como um ele de ligação para retomar o compasso das décadas 1980 e 1990, que consolidou as artes plásticas na Cidade Serrana. “Além de trazer de volta o título Cidade-Arte, a Bienal aprimora a ideia de trabalhar a arte em conjunto,” observa.
Tom, no entanto, tem certa preocupação com o respeito e conservação das peças afixadas nas paradas. Ele nota que produtores de festas e eventos colam cartazes nas paradas sem o menor critério e são mais prejudiciais às obras do que qualquer outro agente transgressor.
Mello afirma que, ao contrário do que muitos pensam, os pichadores respeitam os artistas, são maleáveis, e seu propósito é repudiar a situação social e política do País, embora alguns jovens pratiquem a pichação de forma compulsiva, como se fosse uma droga.
Mesmo assim, o pintor vê progressos nessa relação e cita o programa Picasso Não Pichava como uma contribuição na conscientização dos jovens.
“Espero que a população nos respalde e nos prestigie como artistas, até mesmo, cuidando das obras nas paradas e vindo participar das exposições na Galeria Van Gogh, como ocorria no passado”, sentencia Tom Mello. (José Edmar Gomes)
SERVIÇO

A 1ª BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE URBANA DE TONINHO DE SOUZA 2017, estará na Galeria Van Gogh, da Quadra 8, até o dia 31 de dezembro, com adição de etapas de forma dinâmica e interativas com artistas selecionados e convidados para interferirem em locais públicos (autorizados) e privados (autorizados) parceiros do projeto cultural de dimensão internacional.
A Bienal será interativa até o dia 31 de dezembro de 2017 com várias etapas de participação. No dia 8 de julho, às 19 horas, abre a segunda etapa no Museu Histórico de Planaltina com obras de Toninho de Souza.
A terceira etapa prevê a produção de obra de arte nas dimensões de 140 cm X 270 cm, sobre suporte de papel AP para fixar em Paradas de Ônibus.
Informações: toninhodesouza@gmail.com
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