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João Dutra - Quatro décadas na estrada da MPB

  • Jose Edmar Gomes
  • 8 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Atualizado: 21 de out. de 2022


Os cantores Fátima Paz, Márcio Greyk e João Dutra: reencontro de velhos amigos

A sua barba, bigode e cabelos fora dos padrões atuais denunciam que o seu DNA musical remonta aos anos 1970. E é verdade. Ele vem de Minas e traz consigo referências, que vão do Clube de Esquina a João Bosco. De quem, aliás, assimilou a forte batida nas cordas do violão.

Mas o envolvimento de João Dutra com violão vai além e chega até Dilermando Reis - o inconfundível violinista de Guaratinguetá, autor do Som dos Carrilhões, Abismo de Rosas e professor de música de JK.

Como assim? Explica-se: Nos idos de 1964, o músico e professor de violão, apelidado de Pão de Queijo, que foi aluno de Dilermando Reis, se apresentava em um bar no Bairro Sagrada Família, em BH.

Um menino, magricela, com menos de oito anos, que morava no bairro, sempre ficava por ali para ouvir os boleros, bossas e serestas que o músico executava ao instrumento.

Um dia, enfeitiçado pelo som do violão, o Joãozinho acabou entrando no bar e, aproveitando o intervalo, agarrou o instrumento do músico como se agarra um troféu ou se abraça um ente querido. “Pão de Queijo”, vendo aquela cena insólita, expulsou o intruso, mas aquilo não lhe saiu da cabeça.

Sagrada Família

Tempos depois, o músico encontrou o menino, conversou com ele, entendeu seu enorme interesse pela música e acabou convidando-o para estudar música em sua academia.

Depois de um ano na academia, João Dutra já dominava os boleros e bossas do professor Pão de Queijo, fazia seresta com amigos, tocava nas festinhas e era muito aplaudido quando interpretava as canções de Altemar Dutra, que ele canta até hoje.

Na Rua Alabasto, do Sagrada Família , João Dutra tinha outro vizinho especial. O cantor Márcio Greyk, um dos ícones da Jovem Guarda, que era amigo do seu irmão. Mas João já tinha caminho próprio e, ainda menor, era uma das atrações do Elite Bar, de Santa Teresa, bairro onde nasceu o Clube de Esquina.

O Elite, famoso reduto boêmio de Santas Teresa, era palco de grandes nomes da MPB, como Alaíde Costa, Nélson Gonçalves, Miltinho e Elza Soares. Por lá, ele se apresentou por dois anos, em 73 e 74, sempre em contato com grandes artistas e instrumentistas nacionais, ao mesmo tempo em que disputava festivais, como os de Nova Lima, Campos de Jordão e o Festival de Música Barroca de Sabará.

América

Mas, João tinha outra paixão: o futebol. Nesta época, ele já era titular do juvenil do América Mineiro e acabou se afastando da música, por quatro anos, para se dedicar ao esporte e o fez com muito empenho e responsabilidade. Como quarto-zagueiro, defendeu, além do América, o Vila Nova, São José, de São José dos Campos-SP, o Taubaté, o Cruzeiro-SP e o Nacional de Muriaé.

Em 1978, morando na cidade de Cruzeiro, em São Paulo, e defendendo a equipe local, João volta à atividade musical, paralelamente ao esporte e se apresenta no Hotel Copacabana Palace, duas vezes por semana e, também, passa a frequentar a escola de música da cidade, onde conheceu músicos da estirpe de Vinicius de Moraes, Toquinho, Wando , Jair Rodrigues e o violinista Darcy Vilaverde, que iam se apresentar no Teatro Capitólio, visitava a escola de música e se interagiam com os alunos.

“Naquele tempo, os artistas não tinham o estrelismo de hoje e nos davam atenção e conselhos”, relembra Dutra.

Ele e um grupo de alunos selecionados pela Escola de Música de Cruzeiro fizeram apresentações em todas as cidades do Vale do Paraíba, durante 1978 e 79 e em festivais de verão, com atrações nacionais e grande público.

MPB Shell

Em 1980, João deixou definitivamente o futebol em função da música e chegou a inscrever as canções Mundo Cão, Liberdade para a liberdade e Menina bonita, no MPB Shell - festival da Rede Globo que revelou os brasilienses Jessé e Oswaldo Montenegro. As composições tinham forte crítica social e política, segundo João. Talvez, por isso, não foram classificadas.

Nesta época, ele resolveu conhecer o mercado musical de Brasília e, até 1994, se apresentou nos programas de TV do Nei Cidade, Baldez e seus Convidados e nas casa noturnas mais badaladas, como Cavaquinho, Mandacaru, Flor Amorosa, Bar Academia, Fundo do Mar e Zero Bar.

Ainda em Brasília, Dutra compôs o grupo de MPB, Cá ente nós, e, depois, mudou-se para Natal, onde se apresentou nas TVs locais e participou da vida cultural da capital potiguar, por sete anos.

João Bosco

Neste meio tempo, o artista entra em contato com a música de João Bosco, que havia lançado Agnus Sei, em disco experimental. A música e a forma de tocar do músico de Ponte Nova causaram grande impacto em Dutra, que fez questão de conhecer Bosco e incorporar sua famosa batida do violão.

No início de 2000, ele fixa residência em Sobradinho-DF, onde participa do projeto Grande Encontro, com músicos locais e grava o CD Canto da Serra, com registro ao vivo dos shows.

Apresenta-se, também em Pirenópolis, Anápolis e faz mais de 15 apresentações em bares e praças públicas de Alto Paraíso. A última delas, ao lado banda Voo Livre, levou uma verdadeira multidão à praça.

João Dutra é registrado na Ordem dos Músicos de Brasil, sob o número 2779/86, cadastrado pela Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal e tem percorrido as cidades se apresentando no projeto GDF Junto de Você. Este ano, ele já começou a colocar em prática um antigo sonho: a produção do CD João Dutra canta João Bosco.

Contatos para shows: 61 8403 2912


 
 
 

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