POLO DE CINEMA E VIDEO Onde passa um boi passa uma boiada
- João do Jequitibá
- 11 de mar. de 2017
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de out. de 2022
Foto de Angelo Macarius.

Tem boi na linha do Polo de Cinema Grande Otelo, que fica na região rural do Queima Lençol. Integrantes do MLT – Movimento de Luta pela Terra, ao que tudo indica, ligado ao PC do B, montaram acampamento próximo aos estúdios - que estão em péssimo estado - e reivindicam a área para agricultura familiar.
Enquanto isso, os cineastas da capital, representados coletivamente pela APBA-CO - Associações das Produtoras Brasileiras do Audiovisual no Centro-Oeste; Aprocine - Associação dos Produtores de Filmes de Longa-metragem do Distrito Federal e ABCV - Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, decidiram defender a existência do Pólo de Cinema do DF, bem como as terras que o circundam, ressaltando a importância do ecossistema do bioma do cerrado ali existente.
O deputado Wasny de Roure, presidente da Comissão de Cultura da Câmara Legislativa, declarou em reunião com alguns integrantes de movimentos culturais de Sobradinho, no sábado 11 de março, que as entidades representativas da cultura devem se posicionar sobre a situação e buscar os representantes dos cineastas e autoridades para discutir a situação.
Ocorre que o Conselho Regional de Cultura de Sobradinho ainda não tomou posse e não existe oficialmente. Já o vice-presidente do Conselho de Sobradinho II, Jarbas Chagas, disse que, embora certas entidades e autoridades cobrem da entidade um posicionamento, o problema é muito complexo para o Conselho atuar sozinho.
O cineasta Pedro Lacerda, que já dirigiu filmes nos estúdios do Polo, denuncia que Já tentaram fazer do Pólo uma área de paraquedismo e aeroporto particular, local de criação de gado, implantar lá o projeto Minha Casa Minha Vida e até já quiseram doar a área aos estúdios do Maurício de Souza. "Estão sempre de olho nas terras do Pólo", alerta.
O diretor de A Cucaracha estranha que,para a recente audiência pública convocada pela Secretaria de Cultura para tratar da questão das terras do Pólo, os cineastas tenham sido avisados com menos de 12 horas e desconfia que tudo já estivesse combinado com o MLT, com a Secretaria de Agricultura e com o atual governo, "para facilitar a cessão da terra do Pólo ao MLT".
A população sobradinhense, por sua vez, se pergunta se a cidade serrana vai perder tal espaço cultural e quer saber a posição da Secretaria de Cultura sobre o assunto.
O polo está inserido numa área de 400 hectares, foi fundado em 1991 e já abrigou dezenas de produções cinematográficas locais e nacionais. Sobradinho teme que a área possa ser ocupada desordenadamente e possa até virar local de especulação imobiliária em prejuízo do meio ambiente.
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